quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Novo endereço

Estou postando agora nessa página: http://sobrevivenciass.blogspot.com/
Aguardo você lá =D

[Crônica] Fechado para balanço


Me encontro em um quarto branco, estou sentado de pernas cruzadas, encarando o teto também branco, completamente liso. À minha frente tem uma parede, ela é transparente e o mundo está por trás dela. No momento ele passa por uma fase de transição, provavelmente uma primavera,que esquenta aos poucos após uma longa temporada de inverno. A parede é transparente, eu posso ver tudo por trás dela, mas sua película me impede ser visto ou ouvido. Como um cárcere passo os dias ali, na minha vontade de me isolar, procuro as tintas certas pra pintar as paredes daquele quarto, mas nenhuma é boa o suficiente, nenhuma me inspira o suficiente pra transformar essa fria primavera em um esplendoroso verão. Nesse momento não tenho voz, mas de vez em quando ela retorna, sai rouca e pouco expressiva, prefiro então me calar.
De vez em quando pareço maior que o mundo por trás daquela parede, vejo os lugares e pessoas tão pequenos, poderia dominá-lo facilmente, conhecer cada canto seu. Nesse momento correntes grossas me prendem à grandes e pesadas pedras, que gritam intensamente como se prontas a estourar meus tímpanos, elas querem ser lidas e decifradas, reduzidas a pó pelas minhas unhas e olhos.
Línguas de fogo lambem o quarto por fora, depois é enevoado pelo gelo, e um dilúvio ameaça invadir meu refúgio, já na altura do teto, mas nada me atinge, estou cristalizado, escoltado contra tudo. Nada é forte o suficiente para me mobilizar, muito menos para me destruir.
O tempo passa e os pêlos no meu rosto demoram pra crescer, meus cabelos se enrolam mas caem devagar, as roupas aos poucos se apertam sobre meu corpo. Uma mudança está se consolidando, uma segunda pele se forma e a antiga sucumbe, escorrendo, limpando os resquícios de lodo e piche que sujavam o chão. Nesse momento sou disforme, sou metamórfico, sei simplesmente no que não quero me transformar. Por isso ainda não me levanto, não pinto o quarto, não moldo a porta para sair dali. Mas eu sei o momento certo, um relógio com uma estranha forma me mostrará, ele baterá mais forte assim que formular meus reais objetivos. Ele tem a forma do meu coração.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Ciclo sem fim


Primeiro e único filme que me fez chorar =P
Toda criança deveria assistir. Um filme que passa de modo eficaz para a criança uma lição que até mesmo adultos tem dificuldade em aprender, que é o ciclo da vida e a necessidade de se recuperar e se renovar sempre!

domingo, 1 de agosto de 2010

Glee-Talentosos perdedores


De uma coisa eu tenho certeza, todos querem ser famosos. Quem não quer é porque já é. A fama de certa forma é a concretização de que aquilo que você se dedicou a fazer está sendo feito de forma correta, ou pelo menos está agradando às pessoas. Não digo com isso que quem não é famoso seja necessariamente incompetente, ou que quem é famoso seja uma pessoa brilhante, mas que independente do que você faça, se você se torna conhecido por aquilo é porque, de certa forma, algo certo está sendo feito. Você pode estar pensando "E aqueles imbecis do BBB que ficam famosos sem fazer nada, ou as mulheres frutas, além de outras peças raras como bandinha Restart, Latino, Dado Dolabella, Luciana Gimenez, entre muitos outros exemplos?". Quanto a isso eu respondo: Cada país, assim como políticos, tem as celebridades que merece. Algo eles fazem pra chamar a atenção de algumas pessoas nesse país.
Bom, desde o início do ano eu venho acompanhando uma série que não fala necessariamente de fama, mas que aborda o talento e o que é necessário pra se chegar 'lá'. Com certeza a maioria das pessoas ja ouviu falar de Glee, série norte-americana exibida pela FOX, ganhou vários prêmios EMMY's ano passado, e está concorrendo a muitos outros esse ano. A mensagem da série é bem simples, não julgue as pessoas pelo que elas parecem ser, pois todos tem coisas boas e ruins pra mostrar, por mais perdedora que ela pareça ser. Acho que o sucesso que a série vem tendo não se deve somente pelo carisma dos personagens, pelas músicas muito bem interpretadas ou pelo humor, até um pouco imbecil de vez em quando. Eu acho que o sucesso se deve principalmente pela identificação que as pessoas tem com os personagens da série. Todos, assim como os personagens na série, buscam ser aceitos, ser reconhecidos pelos seus talentos, querem a redenção das celebridades diante de todo o sofrimento que passaram por se sentirem muitas vezes deslocados.
Uma prova disso são alguns videos que eu encontrei em uma comunidade do orkut sobre Glee (Glee-Downloads), em que as pessoas cantam músicas interpretadas na série. Fiquei impressionado com o talento de algumas pessoas, que cantam muito melhor que muitos cantores que estão na moda ultimamente. É óbvio que não dá para todos serem celebridades, mas o legal é que atualmente é possível pra todos terem seus 15 minutos (ou menos) de fama, por isso eu escolhi,com a opinião de um simples admirador de música, aqueles que eu considerei muito bons, e que não me impressionaria se fossem profissionais.

Obs.: São todos brasileiros

Top 5:

1º- Take a bow (Rihanna)


Ps.: também recomendo video, da mesma menina, cantando Use somebody -Kings of leon

2º- Defying gravity ( Musical "Wicked")

3º-Total eclipse of the heart (Bonnie tyler)

4º-Maybe this time (Tony Bennet)

5º- Highway to hell (AC/DC)
ps.: Achei a voz dele bem parecida com a do Bon Scott, mas cantar rock sem instrumental é dose...


terça-feira, 27 de julho de 2010

"A Boy Named Sue"

Uma música muito boa e divertida do Johnny Cash, um artista que foi brilhante!
Minha dica pra quem ainda não conhece.




A tradução pra acompanhar:

Um garoto chamado Sue

Bom, meu pai saiu de casa quando eu tinha 3 anos,
e ele não deixou muita coisa para mamãe e nem para mim,
Só este velho violão e uma garrafa vazia de bebida.

Agora eu não o culpo porque ele fugiu e se
escondeu,
Mas a coisa mais malvada que ele já fez,
Foi antes de partir, quando ele veio, e me chamou com o nome de Sue.

Bem, ele deve ter achado que era uma piada,
E isso deu em muitas risadas de um monte de amigos,
Parecia que eu tinha que lutar a minha vida
inteira.

Alguma namorada poderia rir e eu ficava vermelho,
E um cara riu e eu quebrei a cabeça dele,
Eu tenho que lhe dizer, a vida não é fácil para um
garoto chamado Sue.

Eu cresci rápido e cresci malvado,
Meu início foi difícil e meus movimentos tornaram-se
mordazes,
Eu vaguei de cidade à cidade para esconder minha
vergonha.

Mas eu me fiz um juramento para a lua e as
estrelas,
Eu procuraria os bordéis e bares,
E mataria aquele homem que me deu aquele nome
horrível.

Bem, era Gatlandburg em meios de junho,
Eu mal cheguei na cidade e minha garganta estava
seca,
Pensei: eu vou parar e tomar uma bebida.

Num velho saloon numa rua de lama,
Ali estava numa mesa sentado,
O cachorro imundo e sarnento que me chamou de Sue.

Bem, eu soube que aquela cobra era meu doce papai,
Através uma uma foto velha que minha mãe tinha,
E eu conhecia aquela cicatriz no seu rosto e seus
olhos maus.

Ele era grande e curvado, e grisalho e velho,
E eu olhei pra ele e meu sangue gelou, e eu disse,
"Meu nome é Sue! Como você vai? Agora você
morrerá!"
Sim, isto foi o que eu disse a ele.

Bem, eu o acertei forte no meio dos olhos,
E ele caiu, mas para minha surpresa,
Veio com uma faca e cortou fora um pedaço da minha
orelha.

Eu quebrei uma cadeira atravessando seus dentes,
E nós quebramos a parede e saímos na rua,
Chutando e socando na lama e no sangue e na
cerveja.

Eu lhe digo que eu lutei como um homem forte,
Mas eu realmente não consigo lembrar quando,
Ele chutou como uma mula e mordeu como um
crocodilo.

Eu o escutei rindo,
Ele foi pegar sua arma mas eu peguei a minha
primeiro,
Ele ficou lá olhando para mim e eu o vi sorrir.

A ele disse, "Filho, este mundo é cruel,
E se um homem quer viver tem que ser durão,
E eu sabia que não poderia estar lá para lhe
ajudar.

Então eu lhe dei esse nome e disse adeus,
Eu sabia que você teria que se endurecer ou morrer
E foi esse nome que lhe ajudou a ser forte.

Agora você só lutou uma luta idiota,
E eu sei que você me odeia e você tem direito,
De me matar agora e eu não o culparei se você o
fizer.

Mas você tem que me agradecer antes de eu morrer,
Pela pedra no seu estômago e pela cuspida no seu
olho,
porque eu sou o filho da puta que te chamou de
Sue".

Bem, o quê eu poderia fazer, o quê eu poderia
fazer?
Bem, eu fiquei sem ar e joguei minha arma fora,
O chamei de pai e ele me chamou de filho,
E eu voltei com um ponto de vista diferente.

Eu penso nele agora e sempre,
Toda vez que eu tento e toda a vez que eu ganho,
E se eu tiver um filho,
Eu acho que o chamarei de,
Bill ou George, qualquer coisa menos Sue!
Eu ainda odeio aquele nome!

terça-feira, 20 de julho de 2010

[Conto] Amigo estou aqui...


Era uma tarde chuvosa de agosto, estávamos os quatro naquele quarto, que apesar de bem ornamentado parecia tão cinza e sem graça naquele momento. Éramos todos amigos desde a adolescência, e agora, que Eliza, a mais nova tinha pelo menos 70 anos, acompanhávamos um de nós morrer lentamente, definhando por causa de um câncer. Era doloroso perceber como iríamos ter passar por aquilo com cada vez mais frequência. Gabriel estava deitado na cama, mais magro que nunca, muito pálido, seus poucos cabelos, já grisalhos, murchos em volta da cabeça. Na cabeceira da cama muitos remédios e livros. Estávamos os outros três, eu, Liza e Eliza, sentados em volta da sua cama, fazendo companhia á ele e distraindo-o. Não tínhamos mais muito o que falar, não conseguíamos mais tirar muitas forças pra forjar alegria vendo um dos nossos grandes amigos indo embora aos poucos. Ele então quebrou o silêncio com uma pergunta perturbadora:
-O que vocês queriam que te acontecessem após a morte?
Nos entreolhamos de forma tensa. Ninguém queria continuar tal assunto naquela situação
-Vamos, me respondam, ou quando eu morrer, volto pra saber a resposta!- Falou Gabriel, divertido como sempre fora. Todos rimos brevemente, até Gabriel começar um ataque de tosse.
Liza então falou:
-Bom, eu queria voltar a ter 20 anos, e reencontrar meus pais,sei lá, encontrar os beatles, dar um beijo no John!
-Não sei se pode beijar no céu, se é que você vai pra lá!- Falei entre risos de todos- Bom, eu queria só descansar, tomar um solzinho, fumar um baseado, e pelo menos ter meus dentes e meu cabelo de volta.
-Eu acho que eu ia querer voltar como outra pessoa, não sei, talvez me tornasse alguém melhor.- Disse Eliza.
Gabriel segurou a mão dela, esboçando um sorriso fraco. Todos nos olhamos de novo, esperando quem criaria coragem pra falar primeiro. Eu não aguentei a tensão, e perguntei:
-E você Gabriel?
Ele olhou pela janela, mexeu o nariz como fazia sempre, uma espécie de tique, e olhando pra cima falou:
-Eu não sei o que vai me acontecer, e não me importa, porque eu vou esperar por vocês, e eu sei que vai valer a pena simplesmente se vocês estiverem lá, comigo...
Nesse momento, ele olhou pra cada um de nós e uma lágrima desceu de cada olho, no exato momento que a luz deixava os olhos dele.

domingo, 18 de julho de 2010

Em silêncio


Quando o silêncio não mais incomodar,
saberá que apenas a sua presença basta.
Estar no mesmo espaço,
respirar o mesmo ar
é como um canto divino

Quando o silêncio puder dizer
coisas que achava que só se diziam em palavras
é porque já não mais se fala pela boca
o que pode ser dito pela alma

O silêncio, para alguns perturbador
Pode quebrar-se com um olhar
e a língua é só um complemento
do beijo, do canto, do ardor
A palavra então, é pura vaidade
do poeta que declama o seu amor